top of page

Acesso dos jornalistas aos serviços públicos de saúde é dificultado?

25 NOVEMBRO 2023

O jornalismo é essencial para a informação do mundo. Os profissionais no setor todos os dias procuram informações credíveis para o público. Mas será esta uma tarefa fácil, nomeadamente quando estes profissionais procuram entrar dentro de um hospital ou centro de saúde?

por Ana Silva

A crise na saúde e nos seus serviços, é um tema que está constantemente na ordem do dia. Neste contexto, os jornalistas deparam-se cada vez mais num cenário de dificuldades para chegar às respostas que o público precisa. O Autoavaliação entrevista Maria Brandão, de 22 anos, enfermeira no hospital de Viana do Castelo, para ter a perceção dos profissionais de saúde sobre este tema. A enfermeira, diz que tem noção do papel fundamental dos jornalistas, mas que muitas vezes,

 “É verdade que o mundo do jornalismo e o mundo da saúde não são muito amigáveis”

Hospital de Viana do Castelo

Em situações de urgência, “muitos profissionais de saúde, acabam por ser mal-educados

por estarem em constante stress”, não respondendo ao que lhes é perguntado.
 

A enfermeira revela que em certas situações não podem falar, por razões de privacidade

do paciente, o que é obrigatório para esta profissão ou do próprio hospital.
 

Maria Brandão reforça ainda que ao longo do dia de um enfermeiro, é complicado parar para prestar atenção a algo que não sejam os pacientes, mas que entende que a intervenção dos jornalistas é necessária.
 

A enfermeira conta que já assistiu a algumas situações mais tensas entre profissionais de saúde e jornalistas, e a mais recente foi durante o fecho das urgências da obstetrícia do hospital de Viana de Castelo num fim de semana, em que um médico respondeu num “tom mais alto” a um repórter que procurava informação. “Logicamente que o médico foi repreendido”. A profissional de saúde afirma que lhes é imposto respeito para com os jornalistas e que esta ética é lhes ensinada mesmo nas universidades antes de exerceram.

Em outra posição, o Autoavaliação entrevista também, o jornalista da TSF, Miguel Midões de 41 anos, que dá a sua perceção sobre o assunto. O jornalista começa por dizer que muitos profissionais de saúde, não dão o seu depoimento exatamente pelo receio de sanções e pressões internas, “existem hierarquias para que os profissionais de saúde não possam dar depoimentos isoladamente”. Miguel Midões afirma que atualmente muita das grandes unidades hospitalares tem a “comunicação controlada” e por isso, muitos jornalistas são remetidos para gabinetes de comunicação. As respostas que procuram acabam por ser demoradas, e “obviamente os jornalistas ficam com a informação muito mais controlada e de mais difícil acesso”, confessa Miguel Midões que diz ter consciência que muitas das vezes a informação passada, não é verdadeira, e sim a mais benéfica para a imagem do hospital.

 

O jornalista, conta que já passou por situações menos boas, com profissionais de saúde, nomeadamente em busca de informação de procedimentos menos corretos, e específica a arrogância com que já foi confrontado e o desprezo de alguns profissionais por ser jornalista. Miguel Midões não deixa de alertar que circunstâncias como estas dependem muitas vezes do à vontade do profissional com quem fala e que situações como estas acontecem em todas as áreas.

bottom of page