A importância da representatividade feminina no jornalismo desportivo
No mundo do jornalismo desportivo, existe uma predominância masculina que perdura ao longo das décadas. No entanto, um longo caminho tem sido traçado pelas mulheres jornalistas, que cada vez mais estão a conquistar o seu espaço. Isto reflete-se numa representação mais equitativa e numa cobertura mais abrangente.
Gustavo Lourenço
24 JANEIRO 2024

Andreia Matos Jornalista Desportiva do Canal 11 foto: Flash
Andreia Matos é atualmente jornalista do canal 11 e, ao longo dos anos, tem-se deparado com diversos desafios no seu caminho de afirmação no jornalismo desportivo, encontrando na sua paixão pelo desporto o impulso para singrar neste meio.
A jornalista do Canal 11 afirma que “o desporto sempre fez parte da minha vida muito por “culpa” do meu pai que sempre respirou futebol lá em casa.” Acabou por se “decidir pelo jornalismo desportivo devido à paixão pelo desporto e pelo desejo de conhecer e contar as histórias dos principais protagonistas deste mundo”, acrescenta.
É notável a mudança que está cada vez mais assente no panorama do jornalismo desportivo em Portugal, defende Andreia Sofia Matos. A jornalista destaca que se sente “feliz e privilegiada” pela evolução que está a ocorrer no âmbito de terminar com os estereótipos no jornalismo desportivo. “Sinto-me feliz e privilegiada apesar dessa, cada vez menor, predominância masculina. Encaro isso todos os dias como uma oportunidade para trazer uma perspetiva única e diferenciada à cobertura desportiva nacional” remata.
A jornalista que iniciou o seu percurso, no ano 2011 n´A Bola TV revela que, efetivamente, existe um aumento significativo de jornalistas desportivas e acredita que essa tendência “vai continuar a evoluir.” “Quando comecei em 2011 n´ A Bola TV, eramos apenas 4/5 mulheres a fazer desporto em Portugal. De lá para cá tudo mudou. Acredito que essa tendência vai continuar a evoluir, até porque são cada vez mais as mulheres que se interessam e se destacam nesse campo", realça a jornalista do Canal 11.
São diversos os desafios e obstáculos que se atravessam no percurso de uma jornalista que quer exercer a sua profissão e dar o melhor contributo possível. Nesta medida Andreia Matos destaca que “o principal desafio foi, sem dúvida, a necessidade de provar constantemente o seu valor e mostrar que é mais que uma “cara bonita” num ambiente predominantemente masculino”.
“A representatividade feminina é crucial no jornalismo desportivo”
À medida que caminhamos para um futuro mais focado na igualdade, em que a importância da inclusão torna o mundo num espaço mais abrangente, na imprensa desportiva isto não é exceção, pois cada vez mais se nota uma maior representatividade feminina, num ambiente anteriormente dominado pelos homens. Esta representatividade feminina, defende Andreia Sofia Matos, é "crucial tanto no jornalismo, como na sociedade em geral". A jornalista entende que abrir a porta das redações de desporto às mulheres "acaba por refletir a diversidade do público que nos vê e oferece uma variedade de perspetivas.”
Contudo, existe ainda um longo caminho a ser percorrido. A jornalista do Canal 11 destaca que “ainda há muito a ser feito para alcançar uma verdadeira igualdade de género na indústria". "Sinto que, por vezes, as mulheres não são levadas a sério nesta área”, confessa.
Como acontece frequentemente, há referências que servem de inspiração a quem quer seguir um ofício. No caso de Andreia Matos, a jornalista Cláudia Lopes, que agora está na Sport TV, era a referência do jornalismo desportivo. E foi também no ténis que aprendeu a admirar Serena Williams. Andreia Sofia Matos viu na antiga tenista norte-americana uma figura que foi capaz de "quebrar barreiras e inspirar outras mulheres".
Sobre o Canal 11, Andreia Matos defende que o órgão de comunicação da Federação Portuguesa de Futebol tem feito a mudança na perceção do público quando olha para o papel da mulher no desporto. "Tem desafiado estereótipos e promovido a igualdade de género no desporto ao destacar as conquistas femininas em diversas modalidades”, sublinha.
A jornalista admite ainda que devido às suas funções no canal televisivo “testemunha todos os dias mudanças na forma de como as mulheres são retratadas e valorizadas no desporto através da cobertura realizada”.
Num hipotético cenário de mudança a recair sobre o futuro do jornalismo desportivo feminino, a jornalista do Canal 11 diz que “as mudanças passarão sempre por chefias mais informadas e preocupadas com a inclusão e igualdade de oportunidades entre os seus trabalhadores”. Andreia Sofia Matos deixa um apelo às redações: "devem dar, sempre que possível, espaço e apoio para que as mulheres se possam destacar da mesma forma que os homens.”
E para as jovens que querem seguir carreira no jornalismo desportivo, Andreia Matos deixa um conselho: mais informação, mais preparação e menos medo. "Trabalhem muito, informem-se diariamente, documentem-se, persistam, confiem na vossa voz e conhecimento e não tenham medo de serem assertivas.”, sustenta.