Emissora das Beiras e o exemplo de um auditório fiel
5 DEZEMBRO 2023
Marta Catarina Rosa, de 45 anos, dirige a estação local de radiodifusão generalista Emissora das Beiras, pertencente à região do Caramulo, em Tondela. Como diretora desta rádio que tem o lema “Rádio Independente, Portuguesa e Beirã!", a também jornalista aceitou conversar com o Autoavaliação e afirma que todos os trabalhadores deste meio de comunicação beirã pretendem adaptar-se ao novo público e manter o anterior fiel. Marta Catarina intensificou ainda que a rádio “continua a ter o seu lugar pois é imprescindível”.
por Inês Brás

Marta Catarina Rosa, na rádio Emissora das Beiras, no Caramulo
Inês Brás: De que maneira as mudanças nos hábitos de consumo dos media, como o aumento do streaming e das redes sociais, afetaram a audiência da rádio?
Marta Catarina: As mudanças nos hábitos de consumo dos media não afetaram muito a audiência da rádio pois os nossos principais ouvintes mantêm-se fiéis à programação da rádio, sendo a maioria, pessoas de uma faixa etária elevada.
IB: Na sua opinião, qual é o papel insubstituível da rádio numa atualidade dominada por media digitais?
MC: A rádio continua a ter o seu lugar pois é imprescindível em determinados contextos e horários como de manhã, por exemplo, durante o trânsito, ou através dos diretos. Uma rádio local/regional como a Emissora das Beiras consegue manter o seu público fiel pois às pessoas interessa-lhes não só os acontecimentos nacionais ou internacionais, mas sobretudo as notícias locais que se passam na sua rua ou na sua cidade.
IB: Como é que a Emissora das Beiras se tem adaptado para atender às exigências de uma audiência mais digital?
MC: Mantendo a proximidade com os ouvintes, com passatempos, diálogos, discos pedidos. Ao mesmo tempo, tivemos que nos ir reestruturando, mantendo presença regular nas redes sociais.
IB: Diante das mudanças no cenário de rádio, como é que vê a importância da produção de conteúdo local para a fidelização da audiência?
MC: Como já frisei em respostas a perguntas anteriores, o conteúdo local é, na minha perspetiva, o principal motor para a fidelização da audiência.
“...os tempos que se avizinham não serão fáceis...”
IB: Que estratégias adota a Emissora das Beiras para manter a relevância e competitividade no contexto de transformação dos meios de comunicação?
MC: Mantendo o seu lema de sempre de “Rádio Independente, Portuguesa, Beirã”, mantendo a sua estrutura original de proximidade e confiança.
IB: Na sua visão, quais são os desafios mais significativos que os locutores de rádio enfrentam hoje, dado o cenário evolutivo dos media?
MC: Os locutores e, em geral, os profissionais de rádio têm de se atualizar e renovar diariamente, sobretudo fazendo manter viva a presença nas redes sociais e criando novos conteúdos.
IB: Em que medida a personalização do conteúdo e a segmentação da audiência têm sido consideradas na programação da Emissora das Beiras para acompanhar as mudanças nos hábitos de consumo?
MC: Temos tido essa preocupação. Sabendo que os tempos que se avizinham não serão fáceis, teremos de continuar a apostar numa programação diversificada e procurando cativar novos públicos e clientes à medida que tentamos fidelizar o público atual, não esquecendo as comunidades de emigrantes espalhadas pelo mundo.

Equipa da Emissora das Beiras à entrada da rádio: Marta Catarina Rosa (diretora), Joaquim Lopes da Rosa (pai de Marta Catarina e ex-diretor, já falecido), Sara Ferreira (locutora), Maria Helena (diretora de programas) e Arlindo Magusto (sonoplasta)
Marta Catarina Rosa diz estar ligada à rádio desde os 8 anos, quando começou a realizar programas infantis aos sábados de manhã. A paixão pela rádio surgiu desde “tenra idade por estar envolvida e ter nascido numa família de gente ligada à rádio” (pai e mãe), revelou-nos.
Simultaneamente com a rádio, a diretora da Emissora das Beiras, também trabalhou e continua a trabalhar na área da formação. Como jornalista encontra-se na Emissora das Beiras desde 2001.