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Igualdade de género nos media desportivos

12 NOVEMBRO 2023

“É uma questão de tempo até termos mais mulheres a comentar jogos”

Numa área em que a paixão se cruza com a análise, a presença feminina no jornalismo desportivo revela-se uma realidade subestimada. Enquanto o mundo do desporto continua a seduzir audiências globais, a eminente escassez de mulheres jornalistas nesta esfera destaca-se como um ponto de reflexão importante. Este cenário lança um olhar sobre a questão de igualdade de oportunidades, perspetivas e narrativas no âmbito desportivo.

por Gustavo Lourenço

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Carlos Eduardo, Jornalista Desportivo do Jornal do Centro.

À medida que o desporto vai sofrendo transformações e as barreiras de género se dissipam, a falta de representação feminina na cobertura jornalística do desporto torna-se evidente. “É uma questão cultural, mas hoje em dia já existem mais mulheres a acompanhar futebol. Acho que é uma questão de tempo até termos mais mulheres a comentar jogos”, afirma Carlos Eduardo, jornalista desportivo do Jornal do Centro.
 

Neste contexto de transformação cultural, o jornalista desportivo destaca a expectativa de ver mais mulheres a desempenhar funções importantes como comentadoras ou jornalistas, à medida que se vai abrindo cada vez mais espaço para o sexo feminino no mundo do desporto.
 

O caminho rumo a uma representação equitativa no jornalismo desportivo está a avançar com a existência de mais mulheres que são adeptas e participam com assiduidade no mundo do desporto, o que fará com que a narrativa do desporto evolua.

Um jornalismo desportivo regional sem barreiras

Ser jornalista regional é sinónimo de fazer a cobertura dos acontecimentos mais marcantes da atualidade de uma região em específico. Contudo nem sempre é fácil para um jornalista cobrir determinados acontecimentos, dependendo da secção em que está inserido.

Em Viseu, ser jornalista desportivo implica dar um maior destaque aos grandes clubes do distrito, Académico de Viseu e Tondela, clubes que disputam atualmente a Liga Portugal Sabseg. No entanto, isto não impede que, ao mesmo tempo, seja dado destaque ao futebol distrital, o que segundo Carlos Eduardo “a comunidade emigrante segue muito e, no geral, existe muito mais interesse no futebol distrital, que é até mais seguido do que propriamente o Académico de Viseu e o Tondela”.

“É muito mais partilhado a Divisão de Honra e até mesmo a primeira distrital, do que os grandes clubes da cidade, até porque notícias sobre esses clubes, os leitores sabem onde podem encontrar, enquanto que o futebol distrital, somos nós que fazemos a cobertura” sublinha o jornalista desportivo que “não sente dificuldades porque cada vez mais os clubes comunicam melhor” e “os jogadores e os treinadores mostram uma maior disposição para comunicar”, atira.

É um facto que sem o apoio da cobertura regional, o futebol distrital não teria tanto acompanhamento nem partilhas, pelo que através destes meios de comunicação é possível que pessoas à distância consigam acompanhar a sua equipa. Ainda assim existe uma diferenciação comparativamente aos grandes clubes do distrito, ao que Carlos Eduardo deixa o apelo de que “os órgãos regionais deviam tratar as equipas distritais como um clube grande”.

“Fala-se muito pouco de futebol”

Atualmente, é verdade que o futebol ocupa 97% das capas dos principais jornais desportivos, no entanto o paradoxo, neste caso, é que se fala muito pouco de futebol no seu estado puro, fala-se até em sensacionalismo e esquecem-se do treino, das táticas e das metodologias propriamente ditas.

“Fala-se muito pouco de futebol e segue-se muito o comentário das redes sociais, aborda-se mais os contratos, as transferências, as equipas pouco intensas e não se explica a tática nem a metodologia de treino” refere o Jornalista do Jornal do Centro, concluindo ainda que “os jogadores e os treinadores já tem dado conta disso”.

Carlos Eduardo revela ainda a existência de uma influência negativa por parte das redes sociais que tendem a criar conflitos e levam a insultos nas páginas dos meios de comunicação.

 

Apesar do jornalismo desportivo estar a atravessar um momento menos bom, em que tem sido alvos de bastantes críticas por parte de comentadores televisivos e até mesmo leitores, Carlos Eduardo revela-se otimista e confessa que espera “um bom futuro” e que “estamos a caminhar para um bom jornalismo desportivo, onde há cada vez mais jornalistas a saírem da faculdade, muito bons a perceber e a ler o jogo”, remata.

O Jornalista do Jornal do Centro deixa o apelo para que esta nova geração de jornalistas “sejam capazes de sobreviver às pressões que existem, sobre terem de dizer bem do clube x ou y, mas acima de tudo sejam fiéis a vocês próprios e às vossas convicções, isto porque a leitura do jornalista tem que ser respeitada.”

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