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Jornalistas nas Filipinas enfrentam crise de segurança

12 NOVEMBRO 2023

Uma tragédia que não parece ter fim, tem abalado a comunidade radiofónica nas Filipinas, com a notícia da morte do locutor de rádio Juan Jumalon, também conhecido como DJ Johnny Walker. O crime ocorreu durante uma transmissão ao vivo no seu estúdio.

por Carolina Vicente

O suspeito terá pedido permissão para entrar no estúdio com o pretexto de anunciar algo importante. Juan estava a transmitir o seu programa de rádio no Facebook da estação 94,7 Gold Mega Calamba FM quando o indivíduo entrou. Durante a transmissão ao vivo, sem qualquer aviso prévio, o suspeito disparou um tiro fatal contra o locutor.

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Juan Jumalon em transmissão no Facebook da estação 94,7 Gold Mega Calamba FM

Jumalon foi imediatamente levado para o hospital, mas a morte foi declarada à entrada. A notícia da morte do DJ Johnny Walker é profundamente lamentada na indústria da rádio.

Este trágico incidente levanta preocupações sobre a segurança dos jornalistas na Filipinas, onde já ocorreram diversos ataques a profissionais de comunicação nos últimos tempos. Desde o mandato de Marcos Jr, em junho de 2022, quatro jornalistas foram mortos, destacando a necessidade urgente de medidas que garantam a segurança daqueles que desempenham um papel crucial na disseminação de informação no país.

4º crime contra jornalistas nas Filipinas desde 2022

O país é considerado um dos mais perigosos do mundo para os jornalistas, com Jumalon a ser o quarto assassinado desde que o Presidente Ferdinand Marcos assumiu o cargo em junho de 2022, e 199º desde 1986. Através das redes socais, o Presidente condenou o sucedido e afirmou ter ordenado à Polícia Nacional das Filipinas uma investigação minuciosa da morte de Juan: “Ataques a jornalistas não serão tolerados na nossa democracia, e aqueles que ameaçam a liberdade de imprensa enfrentarão todas as consequências das suas ações”.

As autoridades estão neste momento a investigar a possível motivação do crime que ocorre num contexto em que jornalistas nas Filipinas têm sido frequentemente alvo de ataques.

Em 2022, foram três os crimes que ceifaram as vidas de respeitados locutores de rádio como Jhannah Villegas, Federico 0-‘Ding’ Gempesaw, Rey Blanco e Percival ‘Percy Lapid’ Mabasa. Em maio deste ano, a violência persistiu quando o locutor Cresenciano Bundoquin, locutor da estação CWXR KALAHI 101.7, foi também alvejado perto do seu alojamento.

A gestão do ex-presidente Rodrigo Duterte foi notoriamente hostil à imprensa, tanto que a jornalista filipina Maria Ressa recebeu o Prémio Nobel da Paz, em 2021, pela sua determinação para enfrentar não só a censura, mas também perseguições judiciais. Este contexto contrasta com a posição das Filipinas a 132ª no Índice Global de Liberdade de Imprensa e, de acordo com o Índice Global de Impunidade de 2023, o país é classificado como o oitavo pior no que concerne a processar assassinos de jornalistas.

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