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Leitura de jornais sobre economia é difícil e confusa

Os jornais económicos reúnem um conjunto de características que os tornam diferentes dos demais. A linguagem técnica e complexa torna a compreensão das matérias jornalísticas restrita aos leitores. Dos assuntos agastados ao palavreado especializado, o Autoavaliação procurou através de uma reportagem descortinar o ponto da situação.

António Santos

8 DEZEMBRO 2023

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O Jornal de Negócios é o jornal n.º1 de economia em Portugal

A economia é um setor vasto e que carece de muito estudo para ser entendido. Em Portugal, o Jornal de Negócios é o n.º 1 no que toca a vendas e leitores.

O desafio dos jornalistas na das matérias económicas

Glória Lopes, jornalista no “Mensageiro de Bragança”, assume que nem sempre é fácil a leitura de um jornal económico. “Tenho dificuldade em perceber alguns textos, quando usam uma linguagem mais técnica, nomeadamente sobre a bolsa de valores, mas normalmente compreendo a informação”, afirma. A jornalista diz também que a dificuldade é mais notória uma vez que não escreve sistematicamente. “Tratar de assuntos económicos é mais complicado porque não o faço habitualmente”, salienta. Raramente cobre eventos económicos, mas quando o faz tenta sempre “obter informação prévia antecipadamente sobre o tema”, realça.

A jornalista do jornal já com comprou jornais económicos, no entanto, acabou por perder esse hábito e recorrer ao online. “Habitualmente não compro, mas vou lendo online o Eco. Também assino o Expresso e leio a secção de economia”, concluiu.

Francisco Alves Rito, jornalista e diretor do jornal “O Setubalense”, evidencia os estrangeirismos como a maior dificuldade de compreensão, mas de um modo geral, não sente grande dificuldade para interpretar matérias económicas. “De forma geral não. Não quer dizer que não existam alguns aspetos mais técnicos que me escapam. Uma das coisas que dificultam é o uso excessivo de estrangeirismos”.

Com bastantes anos na área profissional, o jornalista não sente  debilidades em escrever sobre matérias relacionadas à economia. “Não costumo ter dificuldades, incluindo quando escrevo para o PÚBLICO. Também porque já tenho 30 anos de jornalismo”, realça.

Relativamente à cobertura dos eventos económicos, o diretor do jornal sadino, destaca a importância do “trabalho de casa”. “. Por exemplo, se vou escrever sobre a expansão do terminal de contentores do porto de Sines, procuro saber os números, estatísticas, etc. Passa por pesquisa, contacto com entidades e pessoas entendidas”, salienta.

Questionado, se sente que a venda dos jornais económicos é prejudicada pelo vocabulário muito técnico e complexo do jornal, o jornalista é claro na resposta. “Creio que não. Partindo do princípio de que os jornais económicos se destinam a um publico específico e não ao público em geral”, sublinha.

O ensino do jornalismo económico

Filomena Sobral, é leitora não sendo jornalista refletiu nas suas declarações a opinião da grande maioria da população portuguesa. “Tenho interesse pela economia, mas apenas para gerir a minha vida pessoal”. Apesar de já ter folheado um jornal de económico, nunca comprei nenhum”, afirma.

De modo a auxiliar esta entrevista foram utilizadas quatro capas diferentes do jornal Negócios, o objetivo era que a professora conseguisse decifrar as siglas e percebesse  algum do conteúdo das matérias.

A primeira capa não trouxe grandes problemas à docente, “PME (Pequenas Médias Empresas) refere-se a pequenas e médias empresas, FTX  é que não faço a mínima ideia do que é”, salienta. A capa seguinte também não foi de difícil compreensão, no entanto, saltou mais uma vez  à vista a dificuldade de entender as siglas “bem estão a faltar-me as siglas CESE e ANACAC, o IVA também é comum”, esclareceu e deixou o recado. “Eu não considero que os jornais económicos tenham uma linguagem aberta ao comum do leitor, que não seja alguém com algum conhecimento a nível académico”, disse.

Em jeito de conclusão Filomena aborda a questão das matérias publicadas. “Por outro lado, não é atrativo, se conseguissem tornar as matérias, de algum modo, mais criativas e atrativas, tornava-se interessante. Se não houver uma predisposição e um interesse por áreas de gestão e economia, acaba por ser uma linguagem muito fechada”, realça.

Na complexa teia da economia, os jornalistas procuram da melhor forma ultrapassar os diversos desafios do setor económico. Entre uma grande diversidade de termos técnicos, gráficos e constantes mudanças no mercado, a tarefa de desconstruir a linguagem económica para o entendimento geral é uma verdadeira aventura.

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