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Silvino Cardoso: as vicissitudes de ser jornalista desportivo

11 NOVEMBRO 2023

Silvino Cardoso, com mais de 40 anos no jornalismo desportivo, é ainda aos 70 anos de idade, jornalista no Diário de Viseu. Encarregue de cobrir todo o desporto viseense na redação, confessa estar no ativo por amor ao que faz, mas aponta as dificuldades de ser jornalista desportivo. “O mínimo erro que vocês tiverem no jornalismo desportivo, estão lá para vos criticar.”

por Rodrigo Caetano

Silvino Cardoso, jornalista desportivo em ativo no Diário de Viseu

Noutros tempos quando começou no mundo do jornalismo desportivo, conta ter vivido episódios difíceis e realça as dificuldades daquele tempo. “Ainda sou do tempo em que ia aos jogos e tinha de falar por telefone o que se passou nos jogos, com a constituição das equipas. Só havia um telex na sede do distrito e nós íamos para lá fazer as notícias. Quem estivesse do outro lado do jornal tinha de estar a apontar tudo o que dizia, ou então fazíamos através de um gravador antigo”. No seu baú das memórias recorda com orgulho, a primeira subida de divisão do Académico de Viseu à primeira liga do futebol profissional. “Estive lá, na altura foi a coisa mais importante que aconteceu em Viseu. Não sei sequer onde anda essa reportagem, não sou de ficar com recordações.” Como em tantos outros sítios, a violência não era uma escolha era quase uma certeza. “Ainda sou do tempo em que os jornalistas eram agredidos num campo de futebol e era muito complicado entrar lá dentro.”

  “O jornalista desportivo nunca é elogiado” – As dificuldades em tempo real do jornalista desportivo

  Para se ser jornalista desportivo, Silvino Cardoso, aponta à importância da isenção e da vontade de singrar. Hoje em dia as redes sociais são a nova problemática do desporto, deixando para trás a violência nos relvados em que os jornalistas conviviam. Silvino Cardoso reforça alguns dos problemas com que se vive ao escrever sobre desporto. “Eu estou num jogo tenho de ser isento, uma pessoa vê que é aquele clube que está em causa e quer que fale bem do clube, eu não o faço e a partir daí já não sou bem visto. O jornalista desportivo nunca é elogiado.” Apesar do Diário de Viseu ser impresso, algumas notícias saem no Facebook e nas redes sociais, nunca completas e diz Silvino Cardoso que “há muitas contradições.” Mesmo que seja um jogo de miúdos, como conta lhe ter acontecido, não escapa aos comentários menos bons. “Publiquei uma notícia cujo título era: “goleadas foi o que não faltou na ronda”, das camadas jovens e recebi comentários a dizer que isso é humilhar os jovens.” No fundo que o que interessa é o desporto, o fair-play e jogar o futebol nestas idades, não há que ficar inibido por não vencer, porque o que interessa é a prática do desporto.”

 

Fez da vida, a escrita para os jornais, entre os quais o Jornal de Notícias e o jornal O Jogo nos anos 80. Continua no ativo e por agora continuará e explica a razão. “Continuo a fazer jornalismo desportivo e ando nisto não porque preciso, mas porque gosto”, realça.

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