Explicador
11 NOVEMBRO 2023
É falso!
É frequente associar as fake news à nova era em que proliferam os meios de comunicação e se estreitam as relações entre os comunicadores por via das redes que também são sociais. O Autoavaliação apresenta-lhe a origem deste fenómeno de massas e o momento de viragem na consciencialização dos seus atores.
por João Pedro Micaela

Créditos: João Pedro Micaela
1835 foi o ano em que ocorreu o primeiro grande embuste da história dos media, e Benjamin Henry Day, editor e fundador do New York Sun, o precursor desta nova tendência em imprensa. Day inaugura um novo capítulo da história dos media, pelo menos com esta dimensão, e usa o meio que dispõe para difundir deliberadamente informação falsa que traria ao seu jornal o destaque que deseja.
A estratégia de Benjamin Day
Desde então a fórmula resulta para os mais variados quadrantes da sociedade e com resultados que crescem, tudo indica, na mesma proporção.
Relembramos as eleições dos EUA em 2016 que forçam Mark Zuckerberg a reafirmar que a sua empresa “não era um editor de media, mas sim uma empresa tecnológica”. No entanto, o envolvimento desta empresa – Facebook, em todo o processo eleitoral acaba por desencadear um conjunto de medidas do seu Chefe executivo que se vê obrigado a utilizar a sua rede social para se demarcar e definir um conjunto de mecanismos no combate à desinformação.

Declaração de Mark Zuckerberg no Facebook sobre o peso que a rede social deteve nas eleições de 2016 e que obrigam Zuckerberd a tomar medidas no combate à desinformação.
Este poderá ser o momento de viragem para o que se iniciou em 1835, ou se ainda não o é, certamente é uma abordagem importante por parte das empresas tecnológicas na educação para a “pós-verdade” – termo que se popularizou depois de 2016.
Outro exemplo de uma certa preocupação para com a desinformação é que as empresas tecnológicas começam a assumir que não basta confiar nas crescentes competências digitais do ser humano e recorrem à mais recente e controversa criação do Homem. O OclamaBuster é um projeto da Universidade do Texas que consiste num algoritmo, baseado em AI – Inteligência artificial para analisar frases e avaliar conteúdo factual. É, no entanto, um projeto com algumas limitações e enquanto este e outros projetos dão os primeiros passos para resolver o problema da desinformação, devem ser os consumidores os agentes de filtragem de informação.
O sentido crítico desempenha, por isso, um papel importante na tradução na era de “pós-verdade”, mas não é desaconselhado o uso das novas ferramentas. O Autoavaliação destaca
o https://toolbox.google.com/factcheck/explorer, Google Images e https://tineye.com.
Origem de fake news
É comum associar o termo fake news a um período recente da história, mais concretamente e voltando ao ano de 2016, às eleições dos Estados Unidos da América. Não menos comum é acreditar-se que este termo é da autoria de Donald Trump, tantos são os momentos em que o candidato e depois presidente fez uso dessa retórica para se referir aos meios de comunicação social.
Embora o termo tenha sido usado as vezes necessárias para se lhe atribuir a autoria, fake news surge pela primeira vez na década de 1890 depois do “tiro de partida” do New York Sun. Esta designação tem, assim, mais de um século de existência o que prova que o sensacionalismo não foi só a receita perfeita à época, como continua a ser explorado e usado como forma de atrair a atenção do leitor.